Uma gama de matérias colecionadas a respeito de tecnologia, natureza, saúde e eventos mundiais, fique ligado no futuro!!!

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Hipótese sobre a origem do Espaço Tempo

Talvez sejamos burros demais”, brincou o prêmio Nobel David Gross em uma palestra na Caltech há duas semanas. Quando alguém desse nível se pergunta se a unificação da física estará sempre além das mentes mortais, ficamos preocupados. Desde sua palestra, eu estudo sobre uma teoria que parece confirmar as preocupações de Gross. Ela é tão ridiculamente difícil que poderia até ser motivo de piadas. 

Mas, ao mesmo tempo, eu venho observando como os físicos estão tentando superar essa intimidação, porque a teoria promete uma nova maneira de entender o que espaço e tempo realmente são, em nível profundo. A teoria foi proposta no final da década de 80 pelos físicos russos Mikhail Vasiliev e Efin Fradkin, do Lebedev Institute, em Moscou, mas é tão matematicamente complexa e conceitualmente opaca que sempre que alguém toca no assunto, a maioria dos teóricos começa a falar sobre o clima, futebol, reality shows – qualquer coisa, menos a teoria. Ela só se tornou assunto de conversas educadas há alguns anos, quando matemáticos brilhantes que sentem um prazer peculiar com problemas impossíveis mergulharam de cabeça e mostraram que a teoria não é impossível de compreender, apenasquase impossível. 

Inspirado por sua coragem, vou tentar explicar esse “bicho estranho” sintetizando palestras de que participei, ministradas por Steve Shenker da Stanford University, Andy Strominger de Harvard, e Juan Maldacena do Instituto de Estudos Avançados. 

Também me utilizarei de conversas informais com Joe Polchinski do Instituto Kavli de Física Teórica e Joan Simón da University of Edinburgh. Tenho certeza de que eles me corrigirão se eu errar em alguma coisa, e vou editar este post para refletir os comentários que receber. A Teoria Vasiliev (para fins de brevidade, o nome Fradkin é deixado de lado) leva a ideia básica da física moderna a extremos: o mundo consiste de campos – os campos elétrico e magnético, além de um punhado de outros que representam as forças conhecidas da natureza e seus tipos de matéria. A teoria Vasiliev postula um número infinito de campos. Eles vêm em variedades cada vez mais complicadas descritas pela propriedade quântico-mecânica do spin. 

Talvez seja melhor pensar o spin como sendo o grau de simetria rotacional. 

O campo eletromagnético e sua partícula associada, o fóton, tem spin-1. Se você girá-lo 360 graus, ele fica com a mesma aparência. O campo gravitacional e sua partícula associada, o gráviton, tem spin-2: só é preciso girá-lo 180 graus. As partículas conhecidas da matéria, como o elétron, tem spin -1/2: você precisa girá-los 720 graus antes de eles voltarem à sua aparência original – uma característica contra-intuitiva que acaba explicando o motivo pelo qual essas partículas resistem ao aglomeramento, dando integridade à matéria. O campo de Higgs possui spin-0 e tem a mesma aparência independentemente de como você o gira. Na teoria Vasiliev há também spin-5/2, spin-3, spin-7/2, spin-4, e assim por diante. Os físicos costumavam acreditar que isso era impossível. Esses campos de spin mais alto, por serem mais simétricos, implicariam novas leis da Natureza análogas às da conservação de energia, e nenhum par de objetos poderia interagir sem quebrar uma dessas leis. O funcionamento da natureza colapsaria como uma economia superregulada. À primeira vista, a teoria das cordas, principal candidata a uma teoria totalmente unificada da Natureza, entra em conflito com esse princípio. 

Como uma corda de guitarra, uma corda quântica elementar possui uma infinidade de harmônicos mais altos, que correspondem aos campos de spin mais altos. Mas esses harmônicos vêm com um custo energético, que os mantêm inertes. Vasiliev e Fradkin mostraram que o raciocínio acima só se aplica quando a gravidade é insignificante e o espaço-tempo não é curvo. Em espaços-tempos curvos, campos de spin mais altos podem existir, então talvez a superregulação não seja um “monstro” tão grande. Na verdade, ela pode ser uma boa notícia. 

Campos de spin mais altos prometem complementar o princípio holográfico, que é uma forma de explicar a origem do espaço e da gravidade. Suponha que você tenha um espaço-tempo tridimensional (duas dimensões de espaço, uma de tempo) preenchido por partículas que interagem somente por meio de uma versão melhorada da força nuclear forte; não há gravidade. Em um ambiente assim, os objetos conseguem se comportar de uma forma bem estruturada. Objetos de um dado tamanho só podem interagir com objetos de tamanho comparável, assim como objetos só interagem se estiverem próximos uns dos outros. O tamanho desempenha o mesmo papel da posição espacial; você pode pensar no tamanho como sendo uma nova dimensão espacial, materializando-se a partir das interações das partículas como uma figura em um livro pop-up. 

O espaço-tempo tridimensional original se torna o limite de um espaço-tempo quadridimensional, com a nova dimensão representando a distância até esse. Não apenas uma dimensão espacial emerge, mas também a força da gravidade. 

No jargão, a força nuclear forte no espaço 3D (o limite) é o “dual” da gravidade em um espaço-tempo 4D (o maior). Como formulado por Maldacena no final da década de 1990, o princípio holográfico descreve um universo maior no qual a energia escura possui densidade negativa, dobrando o espaço-tempo em uma geometria chamada de anti-de Sitter. Mas isso é só brincadeira de teóricos. No Universo real, a energia escura possui uma densidade positiva, para uma geometria de Sitter ou alguma aproximação dela. Estender o princípio holográfico a uma geometria assim é complicado. O limite de um espaço-tempo 4D de de Sitter é um espaço 3D que jaz no futuro infinito. A dimensão emergente nesse caso não seria de espaço, mas de tempo, o que é difícil de entender mesmo para físicos teóricos. Mas se eles conseguirem formular uma versão do princípio holográfico para uma geometria de de Sitter, ela não apenas se aplicaria ao Universo real, mas também explicaria o que o tempo realmente é. A falta de compreensão do que é o tempo é a raiz de quase todos os problemas profundos da física hoje em dia. 

É aí que a teoria Vasiliev entra. 

Ela funciona tanto em uma geometria anti-de Sitter quanto em uma geometria de de Sitter. No último caso, o limite 3D correspondente é governado por uma versão simplificada da força nuclear forte e não da versão melhorada. Ao encarar o desafio e aceitar a teoria quase incompreensível de Vasiliev, os físicos acabam facilitando seu trabalho. No caso de de Sitter, o limite 3D correspondente é governado por um tipo de teoria de campo no qual o tempo não opera; ele fica estático. A estrutura dessa teoria dá origem à dimensão do tempo. Além disso, o tempo surge de uma maneira inerentemente assimétrica, o que pode explicar a seta do tempo – sua unidirecionalidade. E fica melhor ainda. Normalmente, o princípio holográfico consegue explicar o surgimento deuma dimensão, deixando as outras sem explicação. 

Mas a teoria Vasiliev pode nos dar a coisa toda. Os campos de spin mais altos possuem um grau de simetria ainda maior do que o campo gravitacional, o que já é muita coisa. Mais simetria significa menos estrutura. A teoria da gravidade, a teoria da relatividade geral de Einstein, afirma que o espaço-tempo é como massa de modelar. 

A teoria Vasiliev diz que ele é ainda mais modelável, possuindo muito pouca estrutura para realizar até suas funções mais básicas, como definir relações de causa e efeito consistentes ou manter objetos distantes isolados uns dos outros. Em outras palavras, a teoria Vasiliev é ainda mais não-linear que a relatividade geral. A matéria e a geometria do espaço-tempo estão tão completamente emaranhadas que se torna impossível separá-las, e nossa imagem padrão da matéria residindo no espaço-tempo se torna completamente indefensável. No universo primordial, onde a teoria Vasiliev reinava, o Universo era uma bola amorfa. Quando as simetrias de spin mais alto se quebraram – ou seja, quando os harmônicos mais altos das cordas quânticas se tornaram caros demais para funcionar – o espaço-tempo surgiu em sua completude. Talvez não seja surpreendente que a teoria Vasiliev seja tão complicada. Qualquer explicação da natureza do espaço e do tempo deve ser assustadora. Se os físicos algum dia a resolverem, prevejo que eles se esquecerão do quanto ela costumava ser difícil e começarão a dá-la a seus alunos como lição de casa. Scientific American Brasil

domingo, 15 de abril de 2012

Titanic - Naufrágio completa 100 anos


Em 15 de abril de 1912, o Titanic naufragava após se chocar contra um iceberg. 

Do imponente e luxuoso Titanic restam apenas destroços e histórias que jamais foram esclarecidas. O centenário de uma das maiores tragédias marítimas não traz respostas sobre o acidente daquele abril de 1912, mas incita ainda mais a imaginação popular a respeito do naufrágio. Afinal, a tragédia que causou furor no início do século 20 foi revisitada várias vezes pela televisão e cinema, tendo o auge em 1997, com o sucesso cinematográfico "Titanic", de James Cameron. 

O drama das 2.223 pessoas que estavam a bordo do transatlântico teve como pano de fundo a história de amor do casal Jack e Rose, estrelado por Leonardo DiCaprio e Kate Winslet.

O filme levou milhares de expectadores aos cinemas de todo mundo tornando ainda mais instigante a história do naufrágio do Titanic, o maior navio de passageiros construído até seu lançamento em 1912.

"Inafundável"

A grandiosidade do Titanic surgiu da disputa de mercado das empresas White Star Line com a Cunard Line, rival no setor e dona dos navios Lusitânia e Mauritânia, os maiores transatlânticos em operação na década de 1910.

O desafio da White Star Line era construir uma embarcação imponente, capaz de competir com as concorrentes. E a missão foi cumprida: após três anos de trabalho em um estaleiro na Irlanda do Norte ficava pronto o Titanic.

O transatlântico era equipado com elevadores elétricos, piscina, ginásio, sala de ginástica, quadra de squash e até cabeleireiros. A decoração não poupou luxos, com móveis caros e painés de madeira esculpidos.

Mas a marca registrada do Titanic não foi o requinte das suas instalações. A fama de "inafundável" foi disseminada pela White Star Line, que fazia disso um atrativo para os futuros passageiros.

Porém, há exatos cem anos, o que era para ser uma embarcação segura tornou-se uma tragédia com 1.517 mortos.

Naufrágio

A viagem inaugural do Titanic tinha como destino Nova York, nos Estados Unidos. o transatlântico zarpou de Southampton, na Inglaterra, em 10 de abril de 1912. Outras duas paradas ainda foram feitas: uma na França e outra na Irlanda.

Na noite do naufrágio, segundo relatos da época, o oceano estava calmo e fazia muito frio. O capitão do Titanic teria recebido informações sobre um grande número de icebergs na rota até Nova York e por isso modificou o curso previsto.

Às 23h40, dois funcionários que estavam posicionados no mastro do navio avistaram um iceberg. Após 47 segundos o bloco de gelo rasgara o casco do transatlântico provocando a tragédia.

Resgate

Por 2h40, passageiros e tripulantes lutaram pela sobrevivência, mas apenas 31,8% conseguiram sair com vida do incidente. Para o resgate, havia 20 botes, número insuficiente, considerando a quantidade de pessoas a bordo. 

Enquanto o transatlântico afundava, os sobreviventes aguardavam ajuda incerta, já que apenas um barco respondeu ao chamado do Titanic e foi ao local resgatar as vítimas.

História

Por 73 anos a localização dos destroços do Titanic se manteve um mistério. Uma expedição liderada pelo pesquisador Robert Ballard localizou o que sobrou da embarcação a aproximadamente quatro quilômetros de profundidade nas proximidades dos Grandes Bancos de Newfoundland, no Oceano Atlântico.


Desde a descoberta, mais de 6 mil peças do navio já foram retiradas, incluindo loças, itens de vestuário e partes do embarcação.


Elisa Klabunde noticias@band.com.br

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Vozes Graves são mais Persuasivas na Política?

Eleitores preferem políticos com vozes mais graves, segundo um estudo americano.
A revelação sugere não apenas que homens e mulheres com vozes graves podem ser mais bem-sucedidos ao competir por posições de liderança.
Segundo os cientistas envolvidos, ela pode ajudar a explicar por que há menos mulheres em cargos de liderança. Além disso, é um indicador de que, embora sejamos livres para escolher nossos líderes, não estamos imunes a influências biológicas.
Pesquisadores do Departmento de Ciência Política da Universidade de Miami, nos Estados Unidos, gravaram homens e mulheres dizendo a frase "I urge you to vote for me this November" - em tradução livre, "Eu faço um apelo para que você vote em mim neste mês de novembro".
A menção do mês é uma referência à eleição presidencial americana no final deste ano.
As vozes tiveram suas frequências alteradas eletronicamente para soar mais graves (frequências mais baixas) ou mais agudas (frequências mais altas).
Os participantes do experimento foram então convidados a "votar" nas vozes.
Em artigo publicado na revista científica Proceedings of the Royal Society B., os autores disseram que tanto homens quanto mulheres selecionaram líderes com vozes mais graves.

Experimento

Para evitar que os participantes do estudo fossem influenciados por fatores externos, os homens e mulheres cujas vozes foram gravadas para ser utilizadas no estudo eram desconhecidos.
A manipulação eletrônica foi sutil, explicou o especialista.
"A diferença em tom foi de 40 Hertz (unidade de frequência), mas estudos anteriores demonstraram que (essa variação) é perceptível e faz diferença."
E embora a voz fosse desconhecida, a mensagem era politicamente relevante, explicou Klofstad, colocando o ouvinte imediatamente no contexto das eleições americanas.
Mas o que é que as pessoas estão elegendo ao votar na voz mais grave?
Para entender que qualidades estão associadas à voz grave, os pesquisadores fizeram um segundo experimento.
Em vez de perguntar em que vozes os participantes votariam, a equipe pediu que os voluntários dissessem que vozes pareciam mais competentes, fortes e confiáveis.
"Escolhemos esses adjetivos porque a literatura de ciência política mostra que essas são as qualidades que as pessoas procuram quando escolhem candidatos".
"O que verificamos é que tanto homens quanto mulheres têm uma percepção de que vozes femininas mais graves são mais competentes, fortes e confiáveis".
Em relação a vozes masculinas, no entanto, o resultado foi diferente.
"Mulheres não diferenciaram vozes masculinas agudas e graves em termos de competência, força e confiabilidade", explicou Klofstad. "Homens, em contraste, interpretaram as vozes masculinas graves como sendo mais competentes, fortes e confiáveis".

Mundo real

A equipe americana reconhece que seu estudo pode ter impacto sobre a forma como partidos políticos escolhem seus líderes. Mas Klofstad disse que é preciso ter cautela quando se tenta extrapolar as conclusões do trabalho.
"O que fizemos foi um estudo de laboratório usando situações hipotéticas".
"Nossa motivação foi, uma vez feito o estudo, aplicá-lo ao mundo real e ver como as variações de tom podem afetar as eleições de verdade".
Ou seja, é preciso fazer mais pesquisas sobre o assunto.
No entanto, após ler esse estudo, muitos vão achar difícil resistir à tentação de comparar as vozes dos candidatos às eleições americanas para tentar adivinhar quem será vencedor em novembro.
artigo completo: BBC BRASIL


quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Ferro Transparente?


Cientistas conseguiram realizar uma proeza. Eles demonstraram mediante experimento que o núcleo atômico pode se tornar transparente.

A pesquisa foi publicada na Nature.

A técnica, que utiliza o efeito da transparência induzida eletromagneticamente, permite com que materiais opacos possam se tornar transparentes para a luz em certos comprimentos de onda como o raio X. A técnica também permite o controle da transmissão e da velocidade da luz e envolve interferência quântica.

Pelo efeito da transparência induzida eletromagneticamente, com um laser intenso em uma determinada frequência é possível fazer com que um material não transparente se torne transparente para a luz de outra frequência. Esse efeito é promovido pela interação complexa da luz com a eletrosfera, onde estão os elétrons.

No laboratório de luz síncrotron do DESY, o grupo demonstrou que esse efeito também existe em raio X quando os raios são direcionados para o núcleo atômico do isótopo de ferro 57 (pelo método chamado de espectroscopia de Mössbauer), que compreende 2% do ferro que ocorre naturalmente no planeta.

“O resultado de alcançar a transparência no núcleo atômico é, em suma, o efeito da transparência induzida eletromagneticamente sobre o núcleo. Certamente que ainda há um longo caminho a percorrer até que o primeiro computador com luz quântica se torne realidade. Entretanto, com esse efeito fomos capazes de realizar uma classe completamente nova de experimentos de óptica quântica de alta sensibilidade”, disse Röhlsberger.

Segundo o cientista, a nova fonte de laser de raios X XFEL, que está sendo construída em Hamburgo, representa uma grande oportunidade de se conseguir controlar o raio X com o raio X – raios X são emissões eletromagnéticas de natureza semelhante à luz visível.

O grupo alemão também demonstrou outro paralelo do efeito da transparência induzida eletromagneticamente: luz presa em uma cavidade óptica viaja a uma velocidade de apenas alguns metros por segundo. Normalmente a velocidade é a da luz, de cerca de 300 mil quilômetros por segundo.

A novidade, do grupo liderado por Ralf Röhlsberger no Deutsches Elektronen-Synchrotron (DESY), em Hamburgo, na Alemanha, é considerada importante para o desenvolvimento de computadores quânticos, que poderão substituir os atuais com velocidades de processamento hoje impossíveis de serem atingidas. 

(Scientific American Brasil)

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Diferenças do Cérebro Masculino e Feminino

Num dia cinzento de janeiro, Lawrence Summers - o presidente da Universidade Harvard - sugeriu que diferenças inatas na estrutura do cérebro masculino e do feminino poderiam ser um fator determinante para a relativa escassez de mulheres na ciência. As declarações reacenderam um debate que se desenrola há um século, desde que os cientistas que mediam a dimensão do cérebro de ambos os sexos começaram a sustentar a idéia, baseados em sua principal conclusão - a de que o cérebro feminino tende a ser menor -, de que as mulheres são intelectualmente inferiores aos homens.

Até hoje ninguém conseguiu nenhuma evidência de que as diferenças anatômicas tornem as mulheres incapazes de obter distinção acadêmica em matemática, física ou engenharia. E o cérebro de homens e mulheres comprovou ser muito semelhante em vários aspectos. Por outro lado, ao longo da última década, pesquisadores que estudam questões diversas, do processamento da linguagem à navegação, passando pela gravação de memórias emocionais, também revelaram uma série impressionante de variações estruturais, químicas e funcionais entre cérebro de homem e de mulher.

Essas divergências não são apenas idiossincrasias curiosas para explicar por que os homens gostam mais dos Três Patetas do que as mulheres. Elas suscitam a possibilidade de precisarmos desenvolver tratamentos específicos de acordo com o sexo para problemas como depressão, vício, esquizofrenia e transtorno do stress pós-traumático.

Estudiosos da estrutura e do funcionamento do cérebro devem levar em consideração o sexo de seus objetos de pesquisa ao analisar dados - e incluir tanto homens quanto mulheres em estudos futuros, para evitar resultados enganosos. 
Em abrangente relatório de 2001 sobre diferenças sexuais na saúde humana, a Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos afirmou que o sexo faz diferença. "O fato de ser macho ou fêmea é uma variável básica humana importante, que deve ser levada em conta ao projetar e analisar estudos em todas as áreas e em todos os níveis de pesquisas biomédicas e relacionadas à saúde."

Os neurocientistas ainda estão longe de identificar todas as diferenças ligadas ao sexo no cérebro e sua influência no processo cognitivo e na propensão a problemas cerebrais. De qualquer maneira, as pesquisas realizadas até hoje demonstram com certeza que as diferenças vão muito além do hipotálamo e do comportamento ligado ao acasalamento. Cientistas e clínicos nem sempre sabem exatamente qual é o melhor meio de avançar para decifrar toda a influência do sexo no cérebro, no comportamento e na resposta a medicamentos. Mas, um número cada vez maior de neurocientistas concorda que avaliar um sexo apenas e aprender sobre ambos já não é mais opção. 
(Larry Cahill)


Artigo completo: Scientific






Nasa descobre exoplanetas do tamanho da Terra

A missão Kepler da NASA acaba de descobrir os dois menores planetas fora do Sistema Solar (exoplanetas), com dimensões semelhantes à Terra e orbitando uma estrela parecida com o Sol.

De acordo com a agência espacial, pensa-se que os planetas descobertos sejam rochosos. O diâmetro de um deles, o Kepler 20f, ultrapassa um pouco mais o da Terra. O diâmetro do outro, o Kepler 20e, é ligeiramente menor que Vénus. Ambos encontram-se num sistema de cinco planetas batizado de Kepler 20 a aproximadamente mil anos-luz da constelação Lira.

Bem mais próximos da sua estrela do que o planeta Terra do Sol, os dois novos exoplanetas percorrem a sua órbita em menos de uma semana ou um mês.

O sistema extra-solar Kepler 20 tem mais três planetas, só que maiores, com tamanho similar ao de Netuno. Como explica a NASA, apenas estes três exoplanetas se encontram em ‘zona habitável’, onde a água pode ser detectada em estado líquido. Já os dois novos planetas descobertos têm temperaturas em superfície demasiado elevadas para permitir vida.

A sonda Kepler, lançada em Março de 2009, tem por missão observar mais de cem mil estrelas semelhantes ao Sol, com o objectivo de detectar planetas-irmãos da Terra suscetíveis à vida. O aparelho já descobriu 28 exoplanetas e recenseou 3.326 ‘planetas candidatos’, que continuam por confirmar por outros métodos.

“No jogo cósmico, encontrar um planeta com o tamanho e temperatura ideais é uma questão de tempo”, garante a astrónoma Natalie Batalha, na notícia divulgada pela NASA. “Estamos ansiosos por saber que as descobertas mais esperadas do Kepler ainda estão por vir”, acrescenta. (CienciaHoje)


Templo de Évora pode "É"vaporar


O Templo Romano de Évora, construído há dois mil anos, está pela primeira vez sendo  alvo de uma análise estrutural, com modernos equipamentos do século XXI, para diagnosticar o seu estado e propor planos de reabilitação e conservação.

Segundo o arqueólogo Rafael Alfenim, da DRCAlen, “o templo tem sido estudado de vários pontos de vista, sobretudo o arqueológico e o da história da arquitetura”, mas esta é a primeira vez que se faz uma análise desta natureza”.
A investigação é “fundamental” para um “bom diagnóstico” sobre o estado do templo, “em termos de conservação e da estabilidade da estrutura”, para se poder “atuar um dia, caso seja necessário, ou prevenir eventuais situações de risco existentes no momento”, continua.

O Templo Romano, do século I depois de Cristo, único no país e um dos mais notáveis da Península Ibérica, é um dos casos de estudo do mestrado coordenado pela UMinho, que envolve outras três universidades, de Espanha, Itália e República Checa.

Cinco alunos estrangeiros, em conjunto com investigadores da universidade portuguesa, terminaram hoje dois dias de recolha de dados em Évora. A equipa analisou as propriedades da estrutura, com recurso a equipamentos sofisticados, para diagnosticar o seu estado, nomeadamente em caso de risco sísmico.

“Estivemos a fazer três tipos de ensaios não destrutivos”, como a identificação dinâmica, para “medir as micro-vibrações da estrutura”, e a análise por ultras sons, para “perceber que tipo de rocha” dá corpo ao Monumento Nacional, explicou Daniel Oliveira, docente na UMinho e um dos responsáveis pelo mestrado.

Além disso, foi utilizado um geo-radar que, através de ondas eletromagnéticas, faz uma espécie de“radiografia” ao interior da rocha, para “perceber se há ligações entre os diversos sons”, o que, confirmaram, não existe.

Todos os dados obtidos pelos investigadores vão, seguidamente, incorporar modelos computadorizados, para se ter a “segurança de que representam a realidade”, disse.

“A partir daí, o objetivo será fazer o diagnóstico para perceber se o templo estará seguro”, sobretudo em caso de sismo, frisou Daniel Oliveira, admitindo desde já a hipótese de que num episódio sísmico “moderado a intenso” o monumento “não esteja seguro”.

O objetivo seguinte dos alunos, que devem terminar o trabalho até final de março, será “propor medidas de intervenção para preservar a segurança” do Templo Romano.

“Nós pensamos sempre que estas estruturas, por existirem há vários séculos, são eternas”, mas “são como nós” porque “nascem, crescem e morrem”, servindo este tipo de análises estruturais para que “se mantenham em saúde o máximo de tempo possível”, confirmou. (CiênciaHoje)


Relaxe, você está sendo Observado!

Em 2004, o Google lançou o Gmail: poderosa conta de e-mail com capacidade de armazenamento de um gigabyte – 500 vezes o que o Hotmail oferecia. Com tanta capacidade, o Gmail original nem sequer tinha o botão de excluir. E tudo gratuito.

Mas nem todos festejaram. O Gmail pagava por toda essa maravilha graças à exibição de pequenos textos de anúncio à direita de cada mensagem recebida, relacionados a seu conteúdo. Defensores de privacidade ficaram possessos. Parecia que, para eles, não importava o fato de que era um algoritmo de software e não um ser humano que vasculhava suas mensagens em busca de palavras-chave. O Electronic Privacy Information Center (Centro de Informação de Privacidade Eletrônica) exigiu o fechamento do Gmail, e um senador da Califórnia propôs um projeto de lei que tornava ilegal a pesquisa de conteúdo das mensagens recebidas.

Dois anos depois, um serviço chamado Futurephone permitia a qualquer um fazer uma quantidade ilimitada de chamadas internacionais gratuitas. Bastava discar uma linha em Iowa e então, após o sinal, digitar o número desejado. Não era preciso fornecer seu nome, endereço de e-mail ou qualquer outra informação.

Quando escrevi sobre o Futurephone para o New York Times, pensei estar fazendo um favor aos meus leitores, mas, em vez disso, deixei-os loucos tentando descobrir como a Futurephone ganhava dinheiro. Muitos concluíram que era um golpe muito elaborado para coletar números de telefone.

Mas por que, respondi em meu blog, o Futurephone teria todo esse trabalho se já existe uma lista telefônica nacional? Muito bem, meus preocupados leitores disseram então que, nesse caso, a Futurephone deve estar “ouvindo nossas conversas”.

Para muitas pessoas, parece que quanto mais tempo passamos on-line, mais ofertas de conveniência nos são feitas em troca de nossa privacidade. Cartões de fidelidade de supermercados nos oferecem descontos, mas também permitem rastrear o que estamos comprando e comendo. A Amazon.com nos saúda pelo nome e nos lembra o que já compramos. O Facebook reuniu o maior banco de dados de informações pessoais na história humana (mais de meio bilhão de pessoas). Os cartões de crédito deixam um rastro. Telefones dão às companhias telefônicas o registro de seus interlocutores.

Claro que existem boas razões para proteger certos aspectos de nossa privacidade. Não gostaríamos que informações médicas ou financeiras de nossa vida nos impedissem de conseguir um emprego ou até mesmo um encontro amoroso. Podemos não desejar que nossas proezas sexuais ou votos se tornem públicos.

Mas, além dessas exceções óbvias, os medos de falta de privacidade sempre foram mais uma reação emocional do que racional. (Alguém realmente se importa com que tipo de comida compramos? E, em caso afirmativo, isso faz alguma diferença?) E no mundo virtual, muito disso é simplesmente medo do desconhecido, do que é novo.

Com o tempo, conforme o desconhecido se torne familiar, cada nova onda de terror de privacidade on-line parece se desfazer. Ninguém se surpreende mais com os mapeamentos de propaganda do Gmail. 
E até mesmo pessoas de meia- idade e avós estão se inscrevendo no Facebook. E o Futurephone? Não existe mais. Blogueiros investigativos descobriram seu modelo de negócios mais provável: a empresa explorava um subsídio do governo, que pagaria ao Estado de Iowa alguns centavos por cada chamada de longa distância recebida. E Iowa estaria dividindo o lucro com o Futurephone.

A geração mais jovem não consegue sequer compreender por que os mais velhos se preocupam tanto com a privacidade. De fato, todo o apelo dos mais recentes serviços on-line é divulgar informações pessoais. De propósito. Os aplicativos Foursquare, Gowalla e Facebook Places divulgam até mesmo a sua localização atual, para que seus amigos possam seguir seus movimentos (e, claro, encontrá-lo).

Se você está entre aqueles que pensam que o Google ultrapassou os limites da privacidade com o Gmail, então certamente está surtando com todas essas novidades. O Google está coletando dados sobre o que assistimos (Google TV), aonde vamos (Google Maps), para quem ligamos (telefones Android), o que dizemos (Google Buzz) e o que fazemos on-line (navegador Google Chrome).

Mas algumas defesas de nossa privacidade acabaram há anos. O medo que você sente pode ser real, mas o risco de alguém realmente estar buscando detalhes tediosos sobre sua vida é certamente pequeno. Como o medo de voar, ataques de tubarões ou de raios, seu instinto pode não estar recebendo dados realistas de seu cérebro.



Por David Pogue: David Pogue é colunista de tecnologia pessoal do New York Times e ganhador do prêmio Emmy como correspondente da CBS News. (Scientific American)

Ateus são mal-vistos?


Nos Estados Unidos, os ateus são um dos grupos menos queridos: apenas 45% dos americanos dizem que votariam em um candidato à presidência que se declarasse ateu. Além disso, a falta de crenças religiosas faz com que essas pessoas não sejam consideradas, geralmente, um genro ou uma nora em potencial. 

Will Gervais, da University of British Columbia , publicou recentemente estudos que analisam por que os ateus são tão mal-vistos. De acordo com essas pesquisas, o motivo, essencialmente, é confiança. Durante os experimentos, Gervais e seus colegas apresentaram a voluntários uma história sobre um motorista que, acidentalmente, bate em um carro estacionado e não deixa informações para que o outro motorista possa acionar o seguro. Em seguida, os participantes foram convidados a escolher a probabilidade de que o personagem em questão fosse cristão, muçulmano, estuprador ou ateu. Os voluntários julgaram igualmente provável que o culpado fosse ateu ou estuprador e improvável que fosse muçulmano ou cristão.

Em um estudo distinto, Gervais examinou como o ateísmo influencia na contratação de funcionários. Durante a pesquisa, alguns voluntários precisavam “empregar” dois funcionários, um ateu e um religioso, em duas vagas distintas: uma para um cargo que exigia alto grau de confiança e outra baixo. Para o posto de alta confiança, em uma creche, os participantes se revelaram mais propensas a preferir o candidato religioso. Para a vaga de garçonete, no entanto, os ateus se saíram muito melhor.

Não foram apenas os voluntários extremamente religiosos que expressaram desconfiança em relação aos ateus. Pessoas que declararam não ter afiliação religiosa manifestaram opiniões semelhantes. Gervais e seus colegas descobriram que ateus não costumam confiar em quem também não tem crenças religiosas por julgar que as pessoas se comportam melhor quando acreditam que Deus as está observando. Essa convicção pode conter alguma verdade: Gervais e seu colega Ara perceberam que lembrar as pessoas sobre a presença de Deus tem o mesmo efeito que dizer que elas estão sendo observadas por alguém. Isso intensifica sentimentos de autoconsciência e as leva a se comportarem de maneiras socialmente mais aceitáveis.

Por Daisy Grewal: Daisy é doutora em psicologia social e pesquisadora na Stanford School of Medicine (Scientific American)

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Observatório divulga imagem de Nebulosa

O Observatório Europeu do Sul (ESO, na sigla em inglês) divulgou nesta quinta-feira a imagem da Nebulosa da Hélice, captada por meio do telescópio Vista (instalado no Observatório do Paranal no Chile). A fotografia tirada no infravermelho revela filamentos de gás da nuvem, que seriam invisíveis em imagens obtidas no óptico, ao mesmo tempo em que nos mostra ao fundo inúmeras estrelas e galáxias.
A Nebulosa da Hélice é um dos mais próximos e interessantes exemplos de nebulosas planetárias. Situa-se na constelação de Aquário, a cerca de 700 anos-luz de distância.
Segundo cientistas, este objeto formou-se quando uma estrela como o Sol se encontrava na fase final da sua vida. Incapaz de manter as camadas exteriores, a estrela libertou lentamente conchas de gás que formaram a nebulosa, estando agora a transformar-se numa anã branca - que pode ser observada no centro da imagem como um pequeno ponto azul.
A nebulosa é composta de poeira, material ionizado e gás molecular, dispostos num belo e intricado padrão em forma de flor, que brilha intensamente devido à radiação ultravioleta emitida pela estrela quente central. O anel principal da Hélice tem cerca de dois anos-luz de diâmetro, o que corresponde a cerca de metade da distância entre o Sol e a estrela mais próxima. No entanto, material da nebulosa expande-se desde a estrela até pelo menos quatro anos-luz - observe que o gás molecular vermelho pode ser observado em praticamente toda a imagem.
Embora difícil de observar no visível, o brilho emitido pelo gás da nebulosa, que se expande em camadas finas tênues, é facilmente captado pelos detectores especiais do Vista, os quais são muito sensíveis à radiação infravermelha. (Terra Ciência)

Imagem Recente:



















Facebook é a extensão da sua Personalidade

Você não deve ser tão diferente do que mostra ser em seu perfil do Facebook. Apesar de as redes sociais serem um instrumento perfeito para se projetar uma imagem irreal, um estudo concluiu que há uma forte conexão entre a personalidade do indivíduo e o comportamento exibido no Facebook.

Segundo uma pesquisa do Departamento de Psicologia da Universidade do Texas, os usuários do Facebook não são muito diferentes na vida real do que revelam nas 
redes sociais. Para esta análise, os pesquisadores recolheram respostas de questionários distribuídos a um grupo de pessoas, e depois compararam os resultados com as informações de seus perfis do Facebook.

Considerando cinco elementos dos traços de personalidade, como sinceridade, consciência, extroversão, amabilidade  e tendência à neurose, os pesquisadores também avaliaram os números de fotos no perfil, os grupos a que o usuário pertence, a quantidade de posts no mural e o total de amigos. Para o Professor Sam Gosling, o perfil e a forma como o indivíduo interage nas redes sociais diz muito a  seu respeito.

De acordo com os resultados, as pessoas consideradas mais extrovertidas possuem maior número de amigos e interagem mais em seus
perfis. Já as pessoas com menos consciência usavam o Facebook para procrastinar as tarefas durante o trabalho. O quesito “tendência à neurose” foi considerado o mais difícil de avaliar.


Sean MacEntee Flickr / Cristiane Nunes  - Creative Commons.

Monociclo Elétrico

Não tenho nada contra quem gosta do Segway, mas depois de andar em um Solowheel (Monociclo elétrico) na semana passada na CES, olho para essas pessoas da mesma forma que olhava os “pilotos” de velocípede quando passei andar de bicicleta
Diferentemente do Segway, o  Solowheel  têm apenas uma roda – e não há onde se segurar (aviso às crianças: mesmo que estejam com as mãos livres, não enviem mensagens de texto enquanto andam de Solowheel). Mas como o Segway, os sensores giroscópicos do Solowheel permitem virar, acelerar e desacelerar, andar para frente e para trás. Ele também reaproveita a energia quando desacelera ou desce uma ladeira, como um carro híbrido. Com uma carga completa da bateria de fosfato de ferro-lítio de 39V (LiFePO4) e o motor de 1kW, o Solowheel percorre de 24 a 32 quilômetros a 16 km/h.
Duas grandes diferenças entre os dois veículos são o preço e o tamanho. Um Solowheel novo é cerca de 25% mais barato que um Segway. E quando ambos são dobrados, o Segway cabe no porta-malas de um carro, enquanto o Solowheel fica do tamanho de um assento de banqueta, bem mais portátil.
Talvez seja difícil perceber isso, com tamanha desenvoltura e habilidade exibidas no vídeo abaixo, mas andar em um Solowheel requer alguma prática. A parte mais difícil é subir nele. Quem nunca andou em um tende a fixar um dos tornozelos no pad central, encostar em uma parede e virar o monociclo enquanto prende o tornozelo esquerdo, ficando em pé rapidamente. Os usuários mais avançados começam fixando só uma perna, dão um pulinho de skatista e encaixam a outra perna quando ele começa a andar.
A minha unidade de demonstração tinha rodinhas, o que é aceitável só se você andar em linha reta, mas não quando precisa virar. O truque para se manter equilibrado é ficar na posição mais ereta possível. E o centro do corpo não deve entrar na equação, como em um monociclo comum, a menos que você prefira se esborrachar como se tivessem puxado o tapete sob seus pés...
Obs: O Solowheel custa aproximadamente US$1.800,00
Scott Tharler - Discovery Notícias





Exercícios Físicos Também ajudam as Células

Além de nos ajudarem a manter a forma, exercícios físicos parecem desempenhar um papel importante na prevenção de doenças crônicas como o diabetes. Um novo estudo mostra como a atividade em nível celular pode estar nos mantendo saudáveis quando nos exercitamos.

O processo em questão é a autofagia — mecanismo celular de reciclagem de componentes internos —, que ajuda a manter as células ágeis e capazes de se ajustarem às diferentes necessidades energéticas e a condições nutricionais. Em camundongos, os exercícios estimulam a aceleração da autofagia em músculos do coração e no esqueleto. O novo relatório, publicado on-line pela Nature, descreve como essa autofagia adicional pode ajudar a inibir a resistência à insulina (precursora do diabetes).

Para chegar a essa conclusão, a equipe de pesquisa liderada por Congcong He, do Southwestern Medical Center, da University of Texas, comparou camundongos geneticamente modificados (para que não alcançassem o nível extra de atividade autofágica) com camundongos normais e analisou as consequências da prática de exercícios e de uma dieta com elevado teor de gordura. Os resultados mostraram que os animais modificados ganharam um pouco mais de peso devido à dieta rica em gordura e mostraram-se um pouco menos ativos do que seus colegas do outro grupo. Embora os camundongos normais tenham apresentado maior resistência à insulina após se exercitarem e, assim, tenham se tornado menos propensos ao diabetes, os roedores mutantes não induzidos à atividade autofágica extra não parecem beneficiar-se dos exercícios.


Katherine Harmon - Scientific Brasil

Toxinas no Dia a Dia


Susan começa o dia correndo pelas ruas da cidade, cortando caminho por um milharal para tomar um chá de ervas no centro e voltando para casa para um banho. Isso soa como uma rotina matutina saudável, mas ela está de fato se expondo a uma galeria perigosa de produtos químicos: pesticidas e herbicidas no milho, plastificantes no seu copo de chá e uma ampla gama de ingredientes usados para perfumar seu sabonete e aumentar a eficiência de seu xampu e condicionador. 

A maioria dessas exposições é baixa o suficiente para ser considerada trivial. Mas elas não são desprezíveis de forma alguma, em especial porque Susan está grávida de seis semanas. Cientistas estão cada vez mais preocupados com o fato de que até mesmo níveis extremamente reduzidos de alguns poluentes ambientais podem ter efeitos danosos significativos no nosso organismo. Alguns dos produtos químicos que estão à nossa volta têm a habilidade de interferir com o sistema endócrino, responsável pela regulação dos hormônios que controlam peso, biorritmo e reprodução. Hormônios sintéticos são usados clinicamente para evitar a gravidez, controlar os níveis de insulina em diabéticos, compensar uma glândula tiroide deficiente_ e aliviar sintomas da menopausa. Você não pensaria em tomar essas drogas sem uma prescrição médica, mas, sem saber, fazemos algo semelhante todos os dias. 

Um número crescente de médicos e cientistas está se convencendo de que essas exposições a produtos químicos contribuem para a obesidade, endometriose, diabete, autismo, alergias, câncer e outras doenças. 

Estudos em laboratório – principalmente com ratos, mas também em humanos – têm demonstrado que níveis baixos de produtos químicos que interrompem o sistema endócrino induzem a mudanças sutis no feto em desenvolvimento, o que acaba tendo efeitos profundos na saúde durante a vida adulta e até em gerações posteriores. Os produtos químicos que uma grávida consome durante o curso de um dia típico podem afetar seus fi lhos e seus netos. Isso não é apenas um experimento de laboratório: vivemos isso. Muitos de nós,_nascidos nos anos 1950, 1960 e 1970, fomos expostos no útero ao dietilestilbestrol, ou DES, um estrógeno sintético prescrito a mulheres grávidas em uma tentativa equivocada de evitar abortos espontâneos. 

Um artigo na edição de junho do New England Journal of Medicine chamou de “impactantes” as lições aprendidas a respeito do efeito na vida adulta da exposição de fetos humanos ao DES. Nos_Estados Unidos, duas agências federais, a_Food and Drug Administration (Agência de Alimentos e Drogas) e a Environmental Protection Agency (Agência de Proteção Ambiental), são responsáveis por banir produtos químicos perigosos e assegurar que produtos químicos presentes em nossa alimentação e medicamentos foram amplamente testados. 

Cientistas e médicos americanos de diversas especialidades estão preocupados. Para eles os esforços das duas agências são insuficientes diante do complexo coquetel de produtos químicos no ambiente. Atualizando uma proposta de 2010, o senador Frank R. Lautenberg, de_Nova Jersey, propôs uma legislação este ano para criar o Safe Chemicals Act (Ato dos Produtos Químicos Seguros) de 2011. Se aprovado, as companhias químicas seriam obrigadas a demonstrar a segurança de seus produtos antes de comercializá-los. Isso é perfeitamente lógico, mas requer um programa de rastreamento e teste próprio para produtos que prejudicam o sistema endócrino. 

A necessidade desses testes foi reconhecida há mais de uma década, mas ninguém ainda elaborou um protocolo que funcione. 

Os legisladores também não podem interpretar a crescente evidência de estudos de laboratório, muitos deles com técnicas e métodos de análises impossíveis de imaginar quando os testes toxicológicos foram desenvolvidos nos anos 1950. É como fornecer a um criador de cavalos informações de sequência genética de cinco garanhões e pedir a ele ou ela que escolham o melhor cavalo. Interpretar os dados exigiria uma ampla gama de experiência clínica e científica. Por isso sociedades profissionais representando mais de 40 mil cientistas escreveram uma carta para o FDA e o EPA oferecendo seu conhecimento. As agências deveriam aceitá-lo. Cientistas acadêmicos e médicos precisam de um lugar à mesa com o governo e cientistas da indústria. Devemos isso a mães de toda parte, que querem dar a seus filhos a melhor chance de se tornarem adultos saudáveis.

Patricia Hunt Patricia Hunt é professora de genética da School of Molecular Biosciences da
Washington State University, Pullman. (Scientific American Br)

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Nanotecnologia Médica: Pílulas Robóticas

Uma viagem pelo corpo humano não é mais mera fantasia. Pequenos aparelhos logo poderão realizar cirurgias, administrar medicamentos e ajudar no diagnóstico de doenças

O filme VIAGEM FANTÁSTICA, a história de uma equipe de médicos miniaturizados percorrendo vasos sanguíneos para fazer operações salvadoras no cérebro de seus pacientes, era pura ficção científica quando foi lançado em 1966. Quando Hollywood o refilmou em 1985, como a comédia Viagem insólita, engenheiros do mundo real já haviam começado a construção de protótipos de robôs do tamanho de pílulas para viajar pelo trato gastrointestinal de um paciente em substituição do exame médico tradicional. As primeiras câmaras em cápsulas começaram a ser usadas em 2000, e desde então os médicos as têm utilizado para obter imagens de locais como as dobras internas do intestino delgado, difíceis de alcançar sem cirurgia.

Um aspecto importante de Viagem fantástica que se manteve como fantasia é a noção de que essas pílulas pudessem manobrar sozinhas, nadando em direção a um tumor para fazer uma biópsia, verificando uma inflamação intestinal ou mesmo administrando tratamento para uma úlcera. Nos últimos anos, no entanto, os pesquisadores fizeram progressos no sentido de converter os elementos básicos de uma câmara encapsulada passiva em um robô ativo em miniatura. Protótipos avançados, hoje testados em animais, têm pernas, propulsores, lentes sofisticadas e sistemas de controle sem fio. Em breve, esses pequenos robôs poderão estar prontos para os testes clínicos. Neste momento, avaliam-se os limites da robótica miniaturizada.

O trato digestivo é a fronteira inicial. A primeira câmara em pílula sem fio, a M2A, lançada em 1999 pela companhia israelense Given Imaging, e modelos subsequentes demonstraram a utilidade do exame do sistema gastrointestinal com um aparelho sem fi o. Essa prática, conhecida como cápsula endoscópica, é agora de forma rotineira usada na medicina. Infelizmente, a falta de controle humano dessas câmaras leva a uma alta taxa de falsos negativos – elas não captam áreas problemáticas, o que é inaceitável para uma ferramenta de diagnóstico. Se o propósito de observar o interior do corpo é procurar doenças ou analisar mais de perto uma suspeita de problema, um médico quer acima de tudo parar a câmara e manobrá-la para inspecionar uma região que lhe interesse.

Transformar uma cápsula passiva em um aparelho mais confiável para um exame gastrointestinal requer a adição de apêndices móveis, ou atuadores, para impulsioná-la pelo corpo ou atuar como ferramentas para manipular os tecidos. A operação dessas partes móveis exige uma transmissão veloz e sem fi o de imagens e instruções. As pílulas devem se tornar pequenos robôs capazes de responder rapidamente às ordens do técnico. Todos esses componentes precisam de energia suficiente para completar suas tarefas durante uma jornada que pode levar até 12 horas. E tudo isso deve caber em um recipiente de 2 cm3 que um paciente possa engolir.

Por Paolo Dario e Arianna Menciassi: Paolo Dario e Arianna Menciassi são professores de robótica biomédica da Scuola Superiore Sant'Anna, em Pisa, na Itália. Dario, inventor do primeiro robô colonoscópico autopropelido, nos anos 90, foi pioneiro também no desenvolvimento de aparelhos endoscópicos robóticos capsulares sem fi o, trabalhando com a sul-coreana Intelligent Microsystems Center e em parceria com pesquisadores robóticos europeus. Menciassi, que colabora com Dario há dez anos, especializou-se em microengenharia para cirurgias minimamente invasivas e nanotecnologia médica. (Scientific American Br)